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Por que cuidar das abelhas?

Atualizado: 24 de jun. de 2020

As plantas foram alguns dos primeiros organismos a conquistar o ambiente terrestre. Inicialmente elas eram muito parecidas com algas - das quais provavelmente evoluíram. Mais tarde essas plantas rudimentares foram se desenvolvendo, tendo seus meios de reprodução aprimorados pela seleção natural. Em geral as plantas se reproduzem por esporos, que são unidades reprodutoras, ou os gametas da planta. Esses esporos precisam ser carregados para uma outra planta para que a reprodução sexuada (com troca de genes) se concretize.

Um grupo de plantas, em particular, evoluiu de forma que os esporos masculinos se tornaram o pólen: uma estrutura aderente e leve que pode ser carregada pelo vento ou por agentes polinizadores. Essas plantas, que são aquelas que possuem sementes , dependem, portanto, de agentes polinizadores para poderem se reproduzir e, consequentemente, produzir frutos. Os agentes polinizadores citados aqui em cima podem ser aves, morcegos e insetos. Até aqui tudo bem, certo?

Na verdade, há um problema. As abelhas são provavelmente o grupo de polinizadores mais importante da natureza e elas têm corrido sérios riscos nos últimos cem anos. Nesse período, com toda a história do crescimento da população mundial, a demanda por comida aumentou exponencialmente. A produção proporcional de alimentos só foi possível devido à Revolução Verde, um processo de mecanização e inserção de insumos agrícolas no campo.

Todavia, grande parte desses insumos causam alguns problemas complexos no ambiente. Os agrotóxicos contribuem de forma significativa para a diminuição de abelhas de diversas espécies ao redor do mundo. Alguns agrotóxicos, como os que contém arsênio em sua composição, já foram retirados do mercado há algum tempo. Entretanto, ainda há pesticidas que causam danos severos às comunidades de abelhas. Estima-se que em 1967, cerca de 500.000 colônias de abelhas foram mortas devido ao uso do agrotóxico Carbaryl, por exemplo, e esse pesticida ainda é usado hoje.

Mas ainda há, claro, salvação para as abelhas. Acontece que há determinados horários em que as abelhas estão em maior atividade fora da colmeia. Se a aplicação do pesticida fosse restringida nesses horários, os danos às colmeias poderiam ser reduzidos drasticamente. Alguns compostos químicos também podem grudar no pólen das plantas, e as abelhas acabam carregando esse pólen contaminado para dentro da colmeia, atingindo os indivíduos mais jovens e mais suscetíveis.

É possível também evitar ou diminuir o uso de agrotóxicos durante período de floração das plantas (que em geral ocorre na primavera). Isso evita que o pólen fique contaminado e, mais uma vez, que as abelhas o carreguem para a colmeia. Outra alternativa são os repelentes. Ou seja, usar um produto que afaste as abelhas de campos contendo agrotóxicos, evitando que elas sejam contaminadas.

Enfim, as medidas variam muito dependendo do tipo de plantação, de agrotóxico, de espécie de abelha na região. Mas uma coisa é certa: as abelhas são essenciais para o ambiente e para a economia mundial também. Fazendo esse simples mas árduo trabalho de polinização elas movimentam bilhões de dólares anualmente, facilitando a produção em larga escala de frutos e sementes, e também competindo com pragas por recursos naturais.

De qualquer maneira, uma característica marcante de um sistema ecológico é a sua capacidade de recuperação, dado o espaço necessário. Ao longo de algumas décadas, muitas espécies ameaçadas de extinção são plenamente capazes de se recuperar, contanto que seu habitat seja protegido. Os polinizadores não são um caso excepcional, tampouco as nossas indispensáveis abelhas, então, vamos respeitá-las.

Até mais e obrigado pelos peixes. Digo, pela atenção.



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